Quem de nós não sabe o quanto é bom aquele momento de toques, carícias e excitação entre os parceiros antes do ato sexual? É um momento mágico, onde cada um se excita e é excitado. As carícias preliminares proporcionam um orgasmo mais intenso e no caso específico dos homens, e uma ejaculação mais farta. Um vale tudo mútuo: mãos que tocam e acariciam; corpos que vão esquentando, fazendo aumentar a voltagem do casal. A cada toque os parceiros têm a oportunidade de descobrir novos pontos de prazer e intensificar ainda mais a temperatura da relação; bocas que permitem beijar, lamber, mordiscar e sentir na própria pele o gosto único do tesão.
As preliminares podem até ser mais excitantes que a relação sexual em si, uma vez que envolvem grande quantidade de carinho entre os parceiros. E de carinho todo mundo gosta.
É quando temos a oportunidade de usarmos todos os nossos sentidos: além das mãos (tato) e da boca (paladar) já citados, temos a oportunidade de sentir o cheiro (olfato) do perfume ou do suor que o parceiro exala; ouvir (audição) os murmúrios de desejo ou os gemidos típicos de quem está alcançando o prazer. Enfim, a prática das preliminares é a forma ideal de deixar quem a gente transa pronto e disposto para o amor. Tudo fica muito mais excitante e carícias mais prolongadas servem para pôr mais lenha na fogueira.
Todo mundo gosta de uma prévia, uma espécie de viagem de reconhecimento pelo corpo do outro, onde cada parada é ponto obrigatório para a conquista e continuidade do tesão. Dependendo do casal e sua habilidade nessa viagem, as preliminares podem se estender por horas, fechando com chave de ouro através do ato sexual.
Mas nem sempre o casal compreende a importância fundamental das preliminares na relação. Muitas mulheres, por exemplo, reclamam que os homens vão com muita sede ao pote e muitas vezes se esquecem daquele toque especial que as fará subir pelas paredes. Os homens, por sua vez, pensam mais na própria excitação, que é imediata, esquecendo-se que as preliminares são de grande importância para a excitação da parceira. As mulheres, devido à sua natureza mais romântica, sonham com um homem que lhes acaricie os seios, as coxas, a barriguinha, antes de ir direto ao ponto. Desejam sentir-se amadas e desejadas. É através do toque másculo e envolvente de seu parceiro que a mulher se sente protegida. Excita-se com tudo isso. Não quer um homem que apenas queira se aproveitar. Gosta de ser acariciada com calma em seu sexo, ficar excitada aos poucos. A mulher não se liga tão facilmente assim. Têm de ser estimulada.
Obviamente, se a mulher gosta de receber carinho, o homem também quer que a mulher se envolva nas carícias e que corresponda aos seus toques, sem ficar inerte como uma estátua. Não há nada mais desagradável do que acariciar uma mulher que não esboça nenhuma reação ou que não tome a menor iniciativa.
Por outro lado, elas também clamam pelo direito de ficar à vontade para fazer o que quiserem. Muitas gostam, por exemplo, de passar a mão na bunda do homem. Muitos não admitem. Acham que esse tipo de carinho fere sua masculinidade. Será? Esta é uma questão para ser revista pelos homens, que podem até gostar de se sentir um pouco como objeto sexual.
As mulheres de hoje em dia desejam homens mais sensíveis, compreensivos e carinhosos, que tenham condições de lhes proporcionar grande prazer, através do toque. Os homens devem ter o comportamento de quem se preocupa também com o prazer delas. Interessar-se pelo que a parceira gosta também é uma forma de demonstrar atenção. E as mulheres encaram esta atenção como um carinho especial. Ponto para o homem.
“Tanto as mulheres quanto os homens gostam da excitação inicial, mas de maneiras diferentes”, explica o Dr. Oswaldo M. Rodrigues, sexólogo, autor do livro Psicologia e Sexualidade (Editora Medsi). Segundo ele, as mulheres, dada à sua natureza romântica, gostam de receber flores ou bombons. Mas não é só isso. Elas gostam que as levem ao cinema, para jantar, etc. “Para elas, tudo isso já faz parte das preliminares”, completa o Dr. Oswaldo.
Por vezes, esse jeito de ser das mulheres pode incomodar grande parte dos homens, que sabem separar muito bem sexo de amor. Toda essa ladainha de flores e bombons, para apenas uma transa é demais para eles. Alguns não têm disposição para essa conquista (muitos deles por serem casados e não estarem dispostos a maiores compromissos), outros não têm saco. “Muitas vezes, eles preferem prostitutas por causa disso. Elas não querem carinho. Querem fazer o trabalho delas e pronto. Não exigem nada” salienta o Dr. Oswaldo.
Para ilustrar melhor a diferença de pensamento entre os dois sexos, imagine um casal que acorda de manhã e combina para logo mais à noite uma transa inesquecível. Enquanto a mulher divide seu dia entre compras numa loja lingeries e baby dolls e na preparação do jantar à luz de velas, com camarão regado a vinho, o homem passa o dia inteiro pensando naquela transa especial que terá com a mulher quando chegar em casa. Ele imagina agarrá-la, rasgar-lhe as roupas e levá-la para a cama logo que entrar em casa. Ele quer deixá-la louca logo de cara. Quer transar uma, duas, três vezes. Esticar o prazer até o infinito…
Decide então chegar mais cedo e tenta executar o plano que lhe ocupou os pensamentos do dia. Ela fica brava, porque ainda não está penteada, o jantar não está pronto e ela não teve tempo de colocar o excitante baby doll. A noite está comprometida. Brigam por uma bobagem (afinal os dois queriam a mesma coisa) e cada um vira para um lado, de cara amarrada.
Podemos dizer que para a mulher, aquele ritual todo, envolvendo compras e jantares foram suas preliminares para o marido e que ele não soube compreender o significado romântico daquilo tudo. “Para a mulher, as preliminares são seu ideal”. A sugestão do Dr. Oswaldo para estes casos é uma boa conversa, para que o casal se entenda e se ajuste aos gostos um do outro. Nada é impossível e nem vale a pena ser deixado de lado.
Há também casos de homens que preferem mulheres hierarquicamente inferiores (social, cultural ou profissionalmente), cuja conquista é, imaginam eles, mais viável. Eles as procuram em bairros distantes e mais pobres. Fazem de tudo para que a mulher caia de joelhos por eles. Uma vez completamente apaixonadas por esses homens, estas mulheres também não necessitam de preliminares, porque a atenção de alguém tão “superior” já lhes foi dada antes. O homem passa, então a ignorá-las. Para estas mulheres, as preliminares já ocorreram durante a conquista e elas passam simplesmente a fazer sexo do jeito que eles gostam, estabelecendo uma relação não tão sadia de subserviência. “Nestes casos, que são muitos, emocionalmente, as preliminares já ocorreram”, completa o Dr. Oswaldo.
Há que se entender que o sexo não foi feito para dar prazer simplesmente a um dos envolvidos. Ambos têm de estar sintonizados e prestando sempre a atenção naquilo que mais agrada ao parceiro.
